Esta época do ano é propícia para balanços
e retrospectivas, bem como para planejamentos e previsões. Pois bem, quero
deixar as minhas impressões dos últimos 12 meses e apresentar minhas percepções
para o Ano Novo que está chegando...
Sobre 2015, a palavra mais recorrente foi
CRISE. Em 28 anos de vida, pelo menos 20 foram permeados por esta expressão, o
que pode não ser motivo para preocupação ou talvez que, de tanto falarem, ela
realmente chegou... Vai saber?
A diferença é que, do ponto de vista
econômico, estamos mais bem preparados que em outros tempos; entretanto, na seara
política, nunca estivemos tão mal servidos e articulados: uma presidente cuja
legitimidade insiste ser questionada pela oposição a despeito dos mais de 50
milhões de votos recebidos por ela em 2014, casas legislativas comandadas por
investigados da Operação Lava Jato com legitimidade ainda menor. Por detrás de
tudo isso, um Poder Judiciário que padece de morosidade que é bastante
conveniente para os detentores do poder (alguém aí saberia explicar porque o
mensalão tucano em Minas Gerais só foi julgado em primeira instância e o do PT
já foi avaliado e sentenciado pelo Supremo?)
Por falar em poder, poucas vezes ele foi –
na história recente, pelo menos – motivo para tanta opressão. É o aparato de
segurança pública do Paraná que atingem desde um simples palhaço a milhares de
professores no Centro Cívico de Curitiba. É a negligência – pegando bem leve – da
Samarco (leia-se Vale e BHP, nossos “cases
de sucesso” de privatização) que aniquilou dezenas de comunidades e o Rio
Doce com sua lama de ambição e, que, mesmo assim, tem o direito de mexer na
cena do crime.
É o Estado Islâmico alastrando seu califado
com o sangue de inocentes (como nos atentados em Paris) ou provocando, de forma
indireta e solidária com as grandes potências, a maior crise humanitária deste
século, resultado da imigração em massa de refugiados da Síria e de outros
países do Oriente Médio. O único poder que não podemos reclamar de toda sua
força, é o da natureza que, movida pelo El
Niño, causa inundações na Bacia Platina, uma seca sem precedentes no
Nordeste e até no Sudeste, some com o frio do inverno nova-iorquino e outros
eventos climáticos inusitados.
Bom, tudo isso é passado, não tem como
mudar. Dá, no máximo, para reparar os erros cometidos. Mas, e o futuro?
Os astrólogos de plantão divergem da mesma
forma que a seção do horóscopo de dois jornais diferentes no mesmo dia. Alguns
dizem que o bom senso vai imperar e que a crise política e econômica do Brasil,
bem como os grandes dilemas da humanidade, começarão a ser solucionados em
2016. Outros pintam um quadro horroroso: impeachment
da Dilma, renúncia de Temer, novas eleições com vitória de Álvaro Dias
(será que com a ajuda dos professores paranaenses?), real desvalorizado,
inflação galopante, desemprego em grande escala, fracasso nas Olimpíadas com
direito a onda de violência e um atentado terrorista de brinde.
Daí, o título deste artigo: será que,
apesar de tudo, vamos sentir saudades de 2015 ou teremos muito mais alegrias no
Ano Novo e vamos querer apagar o Ano Velho da nossa memória? Entre ser
pessimista e otimista, prefiro ficar em cima do muro para evitar excessos e
omissões.
Com tantas incertezas, o jeito é adotar a
filosofia “Carpe Diem”. Ter ambições é importante, planejar-se é sinal de inteligência,
mas deixar para “cada dia o seu mal” – palavras de Jesus presentes no Evangelho
de Marcos – é o único jeito de não enlouquecer, de não sofrer por antecipação.
Quer um conselho: se você tem bons amigos,
use-os (no bom sentido da palavra) a seu favor. Quem quiser ter um amigo, que
me dê a mão...
Feliz Ano Novo!