De tanto viver tempos bicudos, o brasileiro com
mais de 25 anos acostumou-se com a palavra “crise” e esta, especialmente, tem
assustado tanto porque surge depois de certo período de “calmaria” econômica. Os
mais jovens talvez não lembrem, mas esse discurso apocalíptico parte de “raposas”
velhas da política que, direta ou indiretamente, certamente viveram a “década
perdida” e os planos de estabilização fracassados.
A chave para a solução destes problemas é
vontade política: do governo federal, que tem que “cortar da própria carne”,
tirar apadrinhados de cargos comissionados e reavaliar programas sociais em
casos em que eles não têm sido tão eficientes, parar de demonizar a iniciativa
privada e permitir que esta execute obras de infraestrutura estratégicas para o
país; do Congresso Nacional, provocar e debater com maturidade reformas
estruturantes propostas pelo Executivo e parar de priorizar a blindagem aos
parlamentares implicados nas operações da Polícia Federal, sobretudo o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Digo que depende mais dos políticos porque
acredito muito na capacidade empreendedora e na capacidade de superação do povo
brasileiro, basta o governo incentivar (e não punir) quem realmente produz (na verdade,
se não atrapalhar, está ótimo!). É como dizem, “o melhor do Brasil é o
brasileiro”.
Mas, o pior do Brasil também é o brasileiro. Pode
se falar tudo, mas certamente essa epidemia de doenças causadas pelo Aedes aegypti não é porque faltaram campanhas
educativas das diversas esferas de governo. Conforme pode ser vista em matéria
de minha autoria publicada nos sites Portal Toledo e Portal Cascavel, alguns
municípios, como o de Toledo, aposentaram os blocos de papel dos agentes de
endemias, que agora usam tablets para
anotar os dados das visitas que fazem nos imóveis.
Embora faltem investimentos em saúde e saneamento
básicos, sobretudo nos estados mais atingidos pelos casos de microcefalia, não
podemos seguir, neste caso, pelo caminho mais fácil: criticar o governo. Toda a
população brasileira (inclusive eu) é, sem dúvida, a maior responsável por
estes surtos de dengue (ano após ano), febre chikungunya e o zika vírus.
Até minha adolescência, “zika” era sinônimo de
confusão, de algo que deu errado. Isso não mudou, mas esse tumulto tomou
enormes proporções, como todos nós estamos vendo nos noticiários. Por essas e
por outras, “no Congresso, nas favelas”, é possível afirmar, sem medo, que deu
zika no Brasil...