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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Deu zika no Brasil. Literalmente!

Defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff vociferam que “o Brasil nunca viveu uma crise político-econômica como a atual”. Não é objetivo deste texto avaliar o mérito da questão, pois a petista e seus companheiros fizeram por onde para chegaram a esta situação, mas afirmar isso é desconhecimento histórico ou desonestidade, hipótese esta mais provável.

De tanto viver tempos bicudos, o brasileiro com mais de 25 anos acostumou-se com a palavra “crise” e esta, especialmente, tem assustado tanto porque surge depois de certo período de “calmaria” econômica. Os mais jovens talvez não lembrem, mas esse discurso apocalíptico parte de “raposas” velhas da política que, direta ou indiretamente, certamente viveram a “década perdida” e os planos de estabilização fracassados.

A chave para a solução destes problemas é vontade política: do governo federal, que tem que “cortar da própria carne”, tirar apadrinhados de cargos comissionados e reavaliar programas sociais em casos em que eles não têm sido tão eficientes, parar de demonizar a iniciativa privada e permitir que esta execute obras de infraestrutura estratégicas para o país; do Congresso Nacional, provocar e debater com maturidade reformas estruturantes propostas pelo Executivo e parar de priorizar a blindagem aos parlamentares implicados nas operações da Polícia Federal, sobretudo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Digo que depende mais dos políticos porque acredito muito na capacidade empreendedora e na capacidade de superação do povo brasileiro, basta o governo incentivar (e não punir) quem realmente produz (na verdade, se não atrapalhar, está ótimo!). É como dizem, “o melhor do Brasil é o brasileiro”.

Mas, o pior do Brasil também é o brasileiro. Pode se falar tudo, mas certamente essa epidemia de doenças causadas pelo Aedes aegypti não é porque faltaram campanhas educativas das diversas esferas de governo. Conforme pode ser vista em matéria de minha autoria publicada nos sites Portal Toledo e Portal Cascavel, alguns municípios, como o de Toledo, aposentaram os blocos de papel dos agentes de endemias, que agora usam tablets para anotar os dados das visitas que fazem nos imóveis.

Embora faltem investimentos em saúde e saneamento básicos, sobretudo nos estados mais atingidos pelos casos de microcefalia, não podemos seguir, neste caso, pelo caminho mais fácil: criticar o governo. Toda a população brasileira (inclusive eu) é, sem dúvida, a maior responsável por estes surtos de dengue (ano após ano), febre chikungunya e o zika vírus.

Até minha adolescência, “zika” era sinônimo de confusão, de algo que deu errado. Isso não mudou, mas esse tumulto tomou enormes proporções, como todos nós estamos vendo nos noticiários. Por essas e por outras, “no Congresso, nas favelas”, é possível afirmar, sem medo, que deu zika no Brasil...







domingo, 24 de janeiro de 2016

Mão única


Certamente você já ouviu falar da Lei do Retorno. É aquela que diz que tudo que vai, inevitavelmente, um dia, terá de voltar. É uma regra que se aplica a muitas coisas, mas não a todas. Ainda mais se você estiver falando das ruas de médios e grandes centros urbanos brasileiros.
O número de vias, outrora pacatas, que estão ganhando sentido único não para de crescer. Solução para dar maior fluidez ao cada vez mais confuso trânsito de nossas cidades, permitir que apenas uma direção seja percorrida em determinada rua faz despertar muitos sentimentos, além do medo de entrar pela contramão, é claro...

A primeira consequência prática deste fenômeno urbano, que recebe o nome de “binário” em muitos lugares, é óbvia: ir e vir por estas ruas, só se for a pé. Para quem anda de carro ou com qualquer outro veículo motorizado, esta mudança significa reduzir pela metade a possibilidade de passar por estas vias.

E quando estas ruas fazem parte da história das nossas vidas? Isto implica que a releitura por páginas deste passado fica prejudicada em 50%.

Sabe aquele tapume onde o jovem pedreiro pichou frases à sua amada? Ele, com a sua bicicleta elétrica, só poderá vê-las na ida ou na volta do seu trabalho.

O mesmo se pode dizer daquela engenheira, a bordo do seu carro espaçoso, que agora só poderá passar uma vez (e não mais duas) por dia diante da creche que foi testemunha do seu primeiro beijo.

Tudo isso a caminho da mesma obra onde o pedreiro pichador joga, todos os dias, dezenas de pás de cal sobre os problemas da sua vida. A engenheira, por sua vez, projeta o futuro em sua prancheta, mas rabisca, em seu íntimo, os traços da primeira paixão que ficaram em seu coração.

Mas este não é o único canteiro onde a saudade se encontra com a placa de contramão. Não muito longe dali, na mansão de um rico empresário da cidade, a florista lida com várias rosas, mas também com muitos espinhos.

O pior deles está cravado há muito tempo em seu peito e o tal fica cutucando seus átrios toda vez que está a caminho do trabalho – o retorno para casa é por outra rua. Ao passar pelo restaurante que foi testemunha do primeiro encontro com o seu falecido esposo, ela se lembra, entre risos e lágrimas, que aquele jantar, que fora delicioso pelo cardápio e pela companhia, quase terminou em tragédia.

Tão distraído e encantado com a noite que tiveram, seu amado quase bateu o carro porque se esquecera de ligar os faróis. Ainda que esteja caindo aos pedaços, tal qual uma flor que está perdendo suas pétalas, o veículo ainda está aos cuidados da florista. Mais atenta, ela só sai de noite com as luzes acesas e respeita todas as placas de mão única. Na contramão, só o seu coração...

Mesmo sem fazer a menor ideia da dor que habita a alma da sua empregada, o filho mais novo dos patrões da florista também está chateado com esta história de atribuir sentido único às ruas do seu bairro. Com 18 anos recém-completados, ele ganhou uma moto dos seus pais, mas não pode ir e voltar pela rua que fez despertar nele a paixão por andar sobre duas rodas.

Foi ali que ele conseguiu, sem a ajuda de ninguém, se equilibrar sobre uma bicicleta sem precisar de rodinhas. O que ele não conta para ninguém, é que a magrela era rosa, emprestada por uma vizinha da época. Para lembrar este episódio, só no caminho de volta para sua casa; a ida, por força do binário, precisa ser feita por outra rua.

A rotina do pedreiro, da engenheira, da florista e do jovem motociclista ensina que, ainda que não seja pelos mesmos caminhos, de fato, tudo na vida tem ida e volta. Ou melhor, quase tudo...
 
Ainda que atualizado diuturnamente pelas lembranças, o passado não tem volta. Ao contrário dos binários, não existe uma via paralela para os grandes momentos da vida. Quando passar por um deles, estacione o carro da sua vida, abra a janela do seu coração e contemple atentamente cada detalhe. 




quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2015: já foi tarde ou vamos sentir saudades suas?



Esta época do ano é propícia para balanços e retrospectivas, bem como para planejamentos e previsões. Pois bem, quero deixar as minhas impressões dos últimos 12 meses e apresentar minhas percepções para o Ano Novo que está chegando...

Sobre 2015, a palavra mais recorrente foi CRISE. Em 28 anos de vida, pelo menos 20 foram permeados por esta expressão, o que pode não ser motivo para preocupação ou talvez que, de tanto falarem, ela realmente chegou... Vai saber?

A diferença é que, do ponto de vista econômico, estamos mais bem preparados que em outros tempos; entretanto, na seara política, nunca estivemos tão mal servidos e articulados: uma presidente cuja legitimidade insiste ser questionada pela oposição a despeito dos mais de 50 milhões de votos recebidos por ela em 2014, casas legislativas comandadas por investigados da Operação Lava Jato com legitimidade ainda menor. Por detrás de tudo isso, um Poder Judiciário que padece de morosidade que é bastante conveniente para os detentores do poder (alguém aí saberia explicar porque o mensalão tucano em Minas Gerais só foi julgado em primeira instância e o do PT já foi avaliado e sentenciado pelo Supremo?)

Por falar em poder, poucas vezes ele foi – na história recente, pelo menos – motivo para tanta opressão. É o aparato de segurança pública do Paraná que atingem desde um simples palhaço a milhares de professores no Centro Cívico de Curitiba. É a negligência – pegando bem leve – da Samarco (leia-se Vale e BHP, nossos “cases de sucesso” de privatização) que aniquilou dezenas de comunidades e o Rio Doce com sua lama de ambição e, que, mesmo assim, tem o direito de mexer na cena do crime.

É o Estado Islâmico alastrando seu califado com o sangue de inocentes (como nos atentados em Paris) ou provocando, de forma indireta e solidária com as grandes potências, a maior crise humanitária deste século, resultado da imigração em massa de refugiados da Síria e de outros países do Oriente Médio. O único poder que não podemos reclamar de toda sua força, é o da natureza que, movida pelo El Niño, causa inundações na Bacia Platina, uma seca sem precedentes no Nordeste e até no Sudeste, some com o frio do inverno nova-iorquino e outros eventos climáticos inusitados.

Bom, tudo isso é passado, não tem como mudar. Dá, no máximo, para reparar os erros cometidos. Mas, e o futuro?

Os astrólogos de plantão divergem da mesma forma que a seção do horóscopo de dois jornais diferentes no mesmo dia. Alguns dizem que o bom senso vai imperar e que a crise política e econômica do Brasil, bem como os grandes dilemas da humanidade, começarão a ser solucionados em 2016. Outros pintam um quadro horroroso: impeachment da Dilma, renúncia de Temer, novas eleições com vitória de Álvaro Dias (será que com a ajuda dos professores paranaenses?), real desvalorizado, inflação galopante, desemprego em grande escala, fracasso nas Olimpíadas com direito a onda de violência e um atentado terrorista de brinde.

Daí, o título deste artigo: será que, apesar de tudo, vamos sentir saudades de 2015 ou teremos muito mais alegrias no Ano Novo e vamos querer apagar o Ano Velho da nossa memória? Entre ser pessimista e otimista, prefiro ficar em cima do muro para evitar excessos e omissões.

Com tantas incertezas, o jeito é adotar a filosofia “Carpe Diem”. Ter ambições é importante, planejar-se é sinal de inteligência, mas deixar para “cada dia o seu mal” – palavras de Jesus presentes no Evangelho de Marcos – é o único jeito de não enlouquecer, de não sofrer por antecipação.

Quer um conselho: se você tem bons amigos, use-os (no bom sentido da palavra) a seu favor. Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão...

Feliz Ano Novo!


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Uma carta ao Papai Noel

Papai Noel,

Sei que faltam dois dias para o Natal e que dificilmente serei atendido este ano; não importa, pode ficar para 2016... Admito também que estou meio grandinho para lhe escrever uma cartinha, mas minha criança interior clamava em compartilhar com você essas linhas.

Sabe, Bom Velhinho, 2015 testou a paciência de todo o mundo, inclusive a minha. São muitos nós na garganta difíceis de desatar: as perdas inesperadas de parentes, amigos e personalidades, bem como as incertezas da economia, da política, do meu futuro...

O que quero, de verdade, é mais paz para minha vida e para a de todo o mundo. Não sei mesmo se aquela música está certa – “que felicidade é brinquedo que não tem” –, mas, caso tenha algum lote em ponta de estoque, manda uma meia dúzia para mim, por favor!

Eu sei que você será a estrela em muitas ceias natalinas, mas seria de muito bom tom que você dividisse o protagonismo com aquele menino que nasceu em Belém há mais de 2.000 anos. Numa dessas, você até precise da ajuda d´Ele para atender meu pedido.

Afinal, a lenda em torno da sua pessoa foi inspirada em São Nicolau, um benfeitor que agiu inspirado no amor vivido e ensinado pelo O Homem de Nazaré. Sei que magia e religião nunca foram lá grandes amigas, mas tudo que desejo para mim, minha família, meus amigos e todos aqueles que considero é que a magia do Natal seja vivida o ano todo, sempre acompanhada das bênçãos de Deus.

Caso esses pedidos sejam atendidos, prometo não escrever uma cartinha para você no ano que vem. No máximo, uma de agradecimento. Afinal, quem tem paz interior e doses de felicidade para dar e vender não vai se satisfazer com menos...

Feliz Natal, Bom Velhinho!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Meu amigo secreto é...



Deveria estar com vergonha de ficar tanto tempo sem escrever uma linha neste blog. Ainda mais numa época em que tanta coisa aconteceu no Brasil e no mundo...

Mas queria dar uma atenção especial ao movimento que está rolando nas redes sociais, batizado de "#meuamigosecreto". Para quem não sabe, mulheres estão utilizando essa hashtag para apresentar situações constrangedoras por qual passaram e não tiveram oportunidade antes de expô-las. Em todos os relatos, algo em comum: o machismo.

Se tratar do assunto em uma das questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não foi o bastante para este ser levado a sério, me parece agora que a coisa mudou de figura. Ao contrário do que muitos representantes da nossa direita raivosa tenham sugerido na época da prova, este quadro nada tem a ver com um “discurso de um governo marxista que empurra sua doutrina goela abaixo dos estudantes”.

Amigas, familiares, vizinhas, pessoas muito próximas de nós foram vítimas dos atos mais espúrios pelo simples fato de serem mulheres, por terem a ousadia de dizer “não” ou por serem obrigadas a dizer sim. Era chegado o momento disto mesmo acontecer...

Alguém pode estar pensando: o que motiva um homem sair em defesa de teses (ainda que moderadas) feministas? Porque também fui vítima de uma das faces – pouco comentada, inclusive – desse machismo que tanto falam.




#meuamigosecreto é aquela pessoa que se caracteriza progressista por ter um discurso anticlerical, mas aplica à sua vida e na de sua família conceitos tão conservadores como os de uma freira. Fala por aí que “para o amor, não existe idade”, mas entende que isso não se aplica à sua família. #xorecalque



Indireta? Será que a carapuça serviu pra alguém?

Não sei, mas vou ser claro: quem me conhece um pouco, sabe que tenho atração por mulheres mais velhas. Embora seja uma situação cada vez mais comum, um casal com esta configuração enfrenta infinitamente mais dificuldades que o seu oposto.

Quem costuma sair algumas horas por semana do seu "mundinho", já notou: o homem mais velho que sai com uma “novinha” é o “garanhão”; ela, uma “periguete interesseira”. Fama semelhante ganha a “coroa” que resolve se relacionar com um rapaz mais novo: é chamada de “sem vergonha” para baixo... 

No fim das contas, a primeira situação acaba sendo aceita pela sociedade; a segunda, requer muito mais envolvimento de ambas as partes para “driblar” as dificuldades. Por que os quarentões, cinquentões e sessentões podem e as quarentonas, cinquentonas e sessentonas não? 

De todas as formas, as mulheres dificilmente escapam dos julgamentos quando se relacionam com quem quer que seja; os homens, somente em casos excepcionais (o meu, por exemplo). Se isto não for machismo, o que será, Bolsonaro?

Desse tipo de machismo ninguém fala, mas não pode deixar de ser dito. Afinal, se coloca em perigo a segurança nacional dos nossos corações, é bom que toda a Nação saiba...

Para combater o machismo em formas extremas, não precisamos ir até o Oriente Médio lutar contra o Estado Islâmico. Os atos terroristas contra as mulheres acontecem a todo o momento, em cada esquina, em cada homem que se julga superior às pessoas de outro gênero...

Nem o Rio Doce em seu atual estado reúne tanta lama quanto as mentes e os corações desta gente hipócrita, que tenta, quase sempre por conveninência ou acomodação, imputar a culpa às vítimas dessas agressões. Uma roupa decotada ou um make caprichado não são alvarás que autorizam qualquer Samarco a romper a barragem de dignidade de uma mulher...

De uma vez por todas: mulher não se ganha na cantada ou na força, mas, sim, na base do carinho, da atenção e do afeto até que se conquiste a sua confiança e o seu coração. Aliás, dizem que este músculo é “território que ninguém pisa”, o de uma mulher (a maioria, pelo menos) só se tem acesso com uma credencial VIP...

Por falar nisso, esse é o motivo de tanto tempo ausente. Na condição de assessor de imprensa, trabalhei extensa e intensamente na cobertura da 36ª Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Cascavel (Expovel) e uma das minhas funções foi entregar credenciais a profissionais de veículos de comunicação ingressarem no Parque de Exposições de Cascavel para acompanhar as atrações do evento.

É muito justo associar esta ou qualquer outra festa às nossas vidas. Precisamos ter o poder de distribuir credenciais a pessoas especiais que acabam ganhando o direito de “cobrir” as histórias mais importantes da nossa história.

Entretanto, como ocorreu algumas vezes durante a Expovel, é preciso estar preparado para fornecer credenciais extras a interessados que aparecem repentinamente. É necessário também ter desapego em não se decepcionar pelas credenciais entregues e que não foram usadas.Enquanto tanta coisa acontece no mundo, tudo que o coração mais quer é abrir suas portas a quem tem essas credenciais...


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O futuro já começou?


Nunca se falou tanto dos filmes da série “De volta para o futuro” como nesta semana. Se a ficção científica fosse verdadeira, Marty McFly teria aparecido com o Delorean nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2015.

Muito se comparou a respeito das tecnologias que o filme apresentou com aquilo que realmente se confirmou. Skates voadores e videoconferências à parte, é pertinente avaliar como o mundo mudou desde 1985, quando o segundo filme da série.

Nos últimos 30 anos a ciência evoluiu muito, sem dúvida. Mas, o que o ser humano tem feito com toda essa tecnologia?

A Guerra Fria acabou, mas o terrorismo continua causando o mesmo temor que as ogivas nucleares norte-americanas e soviéticas. A internet fez o mundo transpor barreiras muito maiores que o Muro de Berlim.

Na esteira de Margareth Thatcher, então primeira-ministra da Inglaterra, as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho e no gabinete das maiores nações e empresas do mundo. Entretanto, continuam – não importa avaliar por culpa de quem – sendo subjugadas pelo machismo mundo afora.

As crianças da década de 80, que sonhavam com uma autorização dos pais para poder ficar assistindo à TV até mais tarde, já não existem mais. Hoje elas já nascem sabendo lidar com recursos muito mais modernos do que aquela geringonça que ainda nem tinha controle remoto. O que não mudou foi a indiferença dos adultos que sempre as colocam como a ponta mais fraca dessa corda.

Minorias como homossexuais, imigrantes, negros, indígenas e muitas outras continuam sendo alvos de perseguições quase sempre injustificadas. Quanto aos idosos, poucas mudanças também...

A exemplo do Doctor Brown, eles sonham com a invenção (de verdade) de uma máquina do tempo que os leve de volta à juventude, livres das limitações do preconceito e do corpo. Mas desejam fazê-lo com a maturidade que têm hoje, evitando os erros que cometeram ao longo de uma vida.

A verdade, porém, é uma só: é “quebrando a cara” que se aprende a fazer do jeito certo. E como o personagem interpretado por Cristopher Lloyd alerta em vários momentos da trilogia “De Volta para o Futuro”, mudar alguma coisa no passado pode ser altamente perigoso, pois desencadeia reações em cadeia que acabam fugindo do controle.

Longe de mim discutir com Doc Brown, mas essa advertência esconde o medo inconsciente que o ser humano tem do tempo: o passado que causa arrependimento, o presente de decisões difíceis e o futuro com incertezas – misturar tudo isso dá uma confusão enorme. E sabe a que conclusão chego: que a mediocridade ainda impera na humanidade tanto quanto há 30 anos, seja por comodismo ou por interesse dos poderosos em deixar as coisas como estão.






Congrego da mesma opinião do meu amigo cartunista Maycon Catelli. Além de não ter visto nada daquilo que estava no roteiro, McFly, se realmente tivesse dado as caras por aqui nesta semana, teria encontrado um mundo diferente, mas não melhor.
Ok, em 1985 eu não era nascido, mas percebo que ainda existem muitas negligências acontecendo naquilo que é mais básico ao ser humano. As redes sociais possibilitam contato com milhares de pessoas, mas nada que supra a presença real dos amigos de verdade e da família, instituição cada vez mais fragilizada.
Falta alguma coisa para se apegar, como a tão controversa fosfoetanolamina para as pessoas que estão com câncer e, a julgar pela importância que o Ministério da Saúde dá à substância, mais parece ser uma fórmula de uma tia benzedeira do bairro. Sobram contradições, como a dos policiais militares de São Paulo, que estão à serviço da população e do estrito cumprimento da Lei, aplaudindo um colega sendo levado pela Polícia Civil para a prisão por causa de torturas cometidas por ele contra um suspeito de roubo até ele confessar um crime – e em se tratando de tortura, não importa se o indivíduo é ou não culpado uma vez que este não é obrigado a produzir provas contra si, sendo esta uma responsabilidade do Estado.
Acreditar em algo que a ciência não deu a palavra final ou, por meio de um ponto de vista parcial, conferir o status de herói a quem cometeu um crime mostra como o ser humano precisa melhorar. Tão importante como inventar máquinas que oferecem conforto, rapidez e praticidade (ou talvez alguma que faça viajar no tempo) é adotarmos práticas que concorram para a nossa felicidade.
O Delorean do Doctor Brown saiu de cena ainda na década de 80, mas o nosso desejo em ser melhores deve sempre estar na tela da nossa vida...



segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Voar sem sair do chão. Sim, você pode!



É um pássaro? É um avião? Não! Pode ser tudo, menos o Super Homem...

Como “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, conforme diz outro herói, o Homem Aranha, deve ser muito chato ter a missão de salvar o mundo, mas não seria nada mal se pudéssemos voar.

Admirado pelo ruflar das asas dos pássaros, esse sempre foi o sonho do ser humano desde a Antiguidade – incluindo a narrativa mitológica grega de Ícaro e as experiências desastradas dos cientistas da Renascença – até Santos Dumont (ou os irmãos White, como preferir) inventar o avião. Ter asas (ainda que de aço) que façam o corpo ser mais leve que o ar é fundamental para viver essa experiência maravilhosa, mas pretendo falar aqui de outro tipo de voo.

Quero dizer que não só com asas é possível voar. A vida fica mais alada com tudo aquilo que nos faz tirar do chão, que salva da mediocridade a Smallville do nosso ser.

Fernando Pessoa diz que "somos todos anjos de uma só asa, e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros". Com todo o respeito, permita-me discordar em parte com o grande poeta português: imagem e semelhança do Criador, temos potencial para sermos anjos completos, com duas asas, a diferença é que nós, pobres mortais, precisamos ter alguém que coloque fé nelas.

Muitas pessoas têm esse poder e, felizmente, a vida me deu a oportunidade de conhecer uma delas – uma espécie de Mulher Maravilha. Antes disso, não fazia a menor ideia do que os versos do Pessoa pudessem significar...

Por contingências da vida, este alguém não faz mais parte do meu convívio, mas me deixou a certeza de que posso ir além do que meus olhos podem ver. Ao fortalecer a minha confiança, minhas asas ganharam o vigor necessário para alçar grandes voos – algo parecido com os condores que vivem a maior parte do tempo no alto das montanhas e, na mitologia inca, são entidades imortais e responsáveis, entre outras coisas, por resgatar as almas.

Guardadas as devidas proporções e sem envolver os ritos praticados amplamente na região dos Andes, foi exatamente isto que aconteceu comigo. Garanto que tal experiência foi inesquecível, colocou meu existir em um patamar jamais atingido outrora. Deixar que pessoas assim passem (e, de preferência, fiquem) em nossa vida é passo imprescindível para a felicidade.

Além dela, sei que neste mundo existem muito mais pessoas que possuem tal poder. Talvez uma delas seja você, caro leitor (a). Pode ser ainda que você esteja necessitando desse soprar nas asas para iniciar uma nova vida, superar todo sentimento de autopiedade.

Muitas vezes, renunciar à capa do orgulho e aceitar ser ajudado é um ato tão corajoso como estender a mão quem precisa. Uma coisa é certa: para ser herói, é necessário muito menos poderes do que aqueles que o Super Homem, o Homem Aranha ou a Mulher Maravilha têm...

Seu ato de heroísmo pode não aparecer nas histórias em quadrinhos ou nas telas de cinema, mas será capaz de transformar vidas de uma forma muito mais intensa do que você imagina. Caro Clark Kent, amigo Peter Parker, prezada Diana Prince, que tal vestir a capa da generosidade e começar a mudar o mundo à sua maneira, sem esperar aplausos do grande público? 

Desperte o herói que existe em você!