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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Hoje eu não vou reclamar!


Nos lugares por onde passa, o escritor e palestrante César Romão recomenda que os espectadores digam, antes de sair de casa para trabalhar e/ou estudar, a frase que dá título a este artigo. O convite foi feito a mim nesta semana, quando estive no anfiteatro da Faculdade Assis Gurgacz (FAG) para assistir à palestra de um dos maiores vendedores de livros do nosso país.

Não posso responder pelas demais pessoas que estavam na plateia, mas eu decidi encarar o desafio. A partir de hoje, comprometo em não me deixar contaminar pelo “mimimi” que tomou conta do mundo.

Injustiças acontecem, sapos precisam ser engolidos, salários nos subestimam, projetos alheios entram em nossa vida sem pedir licença (e em detrimento dos nossos), mas é nessas horas que precisamos ter fé. Não me refiro à fé pregada nos altares (que, por sinal, é muito importante), mas àquela força interior que nos faz lutar pelos nossos sonhos.

“O sim do coração vale mais que o não do mundo!”. Esta foi outra frase que Romão pediu para ser anotada, pois foi dita por ele nos momentos mais difíceis da sua vida.

Sabe aquele ditado “se te derem um limão, faça uma limonada!”? Por isso, diante de um problema, é sempre mais negócio trocar o lamento pela criatividade – a inteligência em movimento.

Não posso negar que o meu passado me influencia, mas não dá o direito de determinar meu futuro. Se algo deu errado lá atrás, não significa que fracassarei sempre. E o mesmo vale para todos que lerem este texto!

Tal raciocínio aplica-se aos nossos sucessos. O mundo é dinâmico demais para sermos pragmáticos e acomodados. O caminho mais curto para o abismo é a crença em fórmulas prontas que invariavelmente darão certo. Então, reinventar-se é preciso!

Em uma sociedade tão competitiva, todos nós somos talhados para ganhar. No entanto, temos uma dificuldade enorme para lidar com a derrota – não fomos educados para isso!

É bom lembrar que todos os grandes campeões já tiveram de lidar com diversos fracassos antes das grandes conquistas. Eles não teriam chegado lá se tivessem desistido, reclamado. Pelo contrário, a derrota os motivou a melhorarem e não sossegaram enquanto não atingiram os seus objetivos.

Os dias, horas e minutos que dedicamos às lamúrias e aos rancores são o tempo mais perdido de nossa vida. Digo isso por mim...

Por isso, chegou a hora de dar um basta nisso! Não sou tão velho assim, mas sinto o relógio da minha existência correr cada vez mais rápido e já não há mais tempo para perdas de tempo com reclamações.

“O seu futuro só depende de você” foi o tema da palestra de César Romão. Mas, de hoje em diante, eu afirmo: o meu futuro só depende de mim! Se algo der errado, a primeira coisa a se fazer é juntar os cacos, reunir forças (e um bom bocado de coragem) para tentar outra vez.

Parafraseando uma expressão bastante utilizada em grupos de narcóticos e alcoólicos anônimos, eu digo: por hoje não! Por hoje eu não vou mais reclamar! E você?



 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

E se o 31 de março de 1964 não tivesse acontecido?*



Todo 31 de março é assim: sempre há alguém que lembre do aniversário do (contra)golpe militar que culminou na deposição do presidente João Goulart em 1964. Mesmo tendo nascido 23 anos desta fatídica data, darei graças a Deus o resto da minha vida por este dia ter acontecido.

Fico imaginando como o Brasil, minha terra amada tão cheia de riquezas, seria caso Jango realmente tivesse feito as “reformas de base”, um nome bonito para um vergonhoso golpe comunista em nosso país. Fim dos latifúndios, reforma urbana, distribuição de renda, para quê?

Só se fosse para levar o nosso país para o abismo. Para que ter governo para favorecer essa gente que nada faz para o desenvolvimento da economia. Está certo que eles se matam de tanto trabalhar nas lavouras e nos chãos de fábrica, mas não poderiam fazer nada se não fosse a dignidade e a capacidade dos nossos empreendedores.

A experiência lulodilmista na última década em nosso país seria brincadeira de criança caso as ideias de João Goulart tivessem vingado. Certamente Fidel Castro e Mao Tsé-Tung fariam visitas constantes ao Brasil para aprender com a gente nossa forma de governar à esquerda.

Mas não prendo meu pensamento para aquilo que a gente perderia, mas, principalmente ao que deixaríamos de ganhar. Nosso país jamais teria conhecimento da tolerância às opiniões divergentes do Humberto de Alencar Castelo Branco, o respeito à liberdade de imprensa de Artur da Costa e Silva, a observância dos direitos civis de Emílio Garrastazú Médici, o zelo pelo dinheiro público de Ernesto Geisel e o carisma de João Batista Figueiredo com as classes populares. Olha só o que estaríamos perdendo...

Os três primeiros nomes desta lista nos fizeram o favor de nos livrar de pessoas nefastas como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Leonel Brizola, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Pena que os dois últimos deram um jeito de trazê-los de volta. Bem que poderiam ficar por onde estavam.

É bem verdade que isso foi feito em troca do perdão aos nossos soldados que cometeram pequenos deslizes para defender de forma legítima a ordem e a moralidade em nosso país. Nossa sorte é que eles e seus colegas de farda da América do Sul conseguiram nos livrar de párias como Juscelino Kubitschek, João Goulart, Vladimir Herzog e Rubens Paiva.

O que seria dos nossos queridos fazendeiros se eles tivessem que dividir as terras que conquistaram em troca de tanto suor e sangue (alheio) com uma horda de campesinos? Certamente hoje em dia eles não poderiam desfilar pelas ruas da cidade com suas caminhonetes imponentes, o que seria uma perda irreparável para a nossa nação.

E se os nossos nobres reis do mercado imobiliário tivessem que se sujeitar a normas que limitariam os seus lucros, como vender a preços de banana seus imóveis aos inquilinos? Provavelmente eles faliriam em menos de dois anos e os imóveis das principais cidades estariam na mão de uma gente que não é capaz de cuidar de si mesmo, que dirá deste patrimônio. Seria levar a Rocinha para a Barra da Tijuca, Itaquera para os Jardins, o Sítio Cercado para o Boqueirão, o Interlagos para o Country. Imagine...

As nossas maiores fortunas se diluiriam nesse mar de indignidade ao qual nosso país se submeteria com o regime comunista de Jango e seus pares. Os milionários, coitados, teriam que dividir seu rico dinheirinho com seus empregados e até mesmo com pessoas a quem eles costumam relegar um subemprego.

E se fossem altos executivos de uma multinacional, o caso seria ainda pior, pois não poderiam encaminhar todos os lucros para a matriz. Quem vem de fora e investe em nosso país merece retirar daqui toda a riqueza que nossa terra tem a oferecer. Não é verdade?

Ah... estava me esquecendo. Graças aos nossos mui queridos militares, nosso país foi preservado durante 28 anos da ignorância do eleitor brasileiro, deixando para nossos honestíssimos senadores e deputados federais a função de eleger o Presidente da República. O “dedo podre” fica demonstrado em dois fatos: em 1961 fomos capazes de eleger Jânio Quadros, o “homem da vassoura” que renunciou depois de oito meses de mandato por estar sendo atrapalhado por “forças ocultas”; em 1989, com os soldados na caserna e com a sensação de dever cumprido, colocamos, em clima de muita festa, no poder o “caçador de marajás”: Fernando Collor de Mello, primeiro chefe da nação brasileira a sofrer um processo de impeachment e que renunciou ao cargo no final de 1992.

Depois dele, entrou o vice Itamar Franco que fez o desfavor de projetar seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no cenário político nacional. O antigo comuna vestiu os vestidos de Margareth Thatcher e fez Ronald Reagan sentir inveja da nossa capacidade de reduzir o Estado a níveis mais inexpressíveis do que vinham sendo, como se isto fosse possível. A única coisa que aumentou com FHC foi o mandato, com a emenda constitucional que lhe deu o direito à reeleição.

Com ele, os preços em geral diminuíram, o que deu maior poder aquisitivo ao trabalhador. Uma pena, pois nosso país era bem melhor com a inflação e o arrocho salarial dos tempos do “Milagre Econômico Brasileiro”.

Depois dele, ladeira abaixo... Lula foi eleito em 2002 e, mesmo com um dedo a menos, surrupiou o erário no Mensalão e, mesmo assim, se reelegeu e fez sua sucessora, Dilma Rousseff, uma bandida que colaborou em emboscadas que vitimaram muitos dos nossos heróis verde-oliva. Ah, se a repressão tivesse feito a coisa certa com aquela filha de imigrantes búlgaros e com aquele sindicalista nordestino do ABC Paulista...

Tudo o que aconteceu de 1985 – com a saída do General Figueiredo – até os dias de hoje mostra como foi importante nosso país ter sido governado por gente séria e com grande senso de humanismo durante 21 anos. Foi uma época em que corrupção, violência e abuso de poder não faziam parte dos noticiários. Para ter uma ideia, nos jornais havia até espaço para lindas poesias e deliciosas receitas culinárias...

Do alto dos meus 27 anos, lamento profundamente já ter nascido em um país “redemocratizado”. É muito chata esta coisa de dar espaço para quem pensa de forma diferente da nossa.

Se para mim isto já é complicado, que dirá para um governo que tem que cuidar de um país inteiro. Em nome da liberdade de impor minha opinião a todo custo a quem quer que seja, bendigo por todo o sempre o vento revolucionário que soprou em nosso país a 31 de março de 1964.
 
 
* Esse texto trata-se de um exercício de ironia do curso de Aperfeiçoamento Textual, ministrado pela professora Julie Fank, da Escola de Escrita. Não representa em nada a opinião do autor.


quinta-feira, 2 de julho de 2015

A foto de ontem ou o espelho de agora?



Caro José Augusto versão 2015,


Estou pensando seriamente em fazer Jornalismo. Nesta década que nos separa, procure ansiosamente perseguir o meu sonho: vá trabalhar na Globo, queira ocupar o lugar do William Bonner na bancada do Jornal Nacional.


Antes disso, faça seu pé-de-meia, tenha uma mansão e carrões na garagem – afinal, ninguém merece morar com os pais em casa de BNH e andar por aí de “buzão”. Espero que até aí, neste tempo, você tenha perdido a timidez e declare os seus sentimentos à mulher amada ou, ainda, perca de vez esse medo de se envolver sem querer se machucar.


Nos estudos, continue sendo o primeiro da turma. Você merece ser um gênio dos nossos tempos. Por favor, não queira menos do que isso!


Estou com 125 quilos. Quero chegar à Copa de 2014 (que dizem que será aqui no Brasil) com o peso na casa dos dois dígitos e com muitos músculos por todo o corpo. Lembre-se: o lugar que eu quero na Globo é o do William Bonner e não o do Jô Soares ou o do Fausto Silva.

Daqui dez anos que você tenha mais do que os meus atuais dois metros de altura. Não digo para aumentar a estatura, afinal, ser um “Gigante Adamastor” – forma pela qual os meus colegas de Terceirão me chamam – causa muitos transtornos. O que quero é que, para você, o céu seja o limite...







Caro José Augusto versão 2005,


Quando se é jovem, normal ter muitas expectativas, mas lamento informar que 90% delas não se cumpriram e dificilmente se tornarão realidade. Primeiro de tudo, suas chances de ocupar o lugar do William Bonner são praticamente nulas já que nem na filiada local da Rede Globo você conseguiu entrar.


Mansão? Carrões? Esqueça! Se você queria fazer fortuna com o jornalismo, escolheu a profissão errada. Eu ainda estou morando na casa dos meus pais (que foi reformada e melhorou bastante) e possui um carro seminovo (muito bom, aliás).


Aquela velha timidez ainda continua presente, em menor grau, na minha vida. Estou noivo, mas ainda não foi marcada a data para o casório.


Em relação ao seu medo de ter seus sentimentos machucados, informo que nesta década esta alma tão cheia de sonhos foi machucada algumas vezes. “Se um dia meu coração for consultado”, como canta Paulinho da Viola, será possível ver muitos remendos para tratar os ferimentos.


Quanto a ser o primeiro em tudo, é bom parar de alimentar esta ilusão. Nem sempre ser o melhor nos estudos fará de você o profissional mais bem-sucedido.


A sua “genialidade” não te levou muito longe. De assessoria de imprensa em assessoria de imprensa, passando por uma experiência em um jornal de Umuarama, você chegará em 2015 a uma agência de publicidade (quem diria?) rezando para passar em um concurso público.


E o seu peso? Este não diminuiu. Pelo contrário, aumentou para incríveis 145 quilos. Até o Faustão (que fez cirurgia) está mais magro que você...


Apenas duas coisas não mudaram: os seus dois metros de altura e a certeza de que a vida só é válida quando se sonha, ainda quando as expectativas não se cumprem. Às vezes, podem até ser superadas...