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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Framboesas


(resposta ao poema “Canteiros”, de Cecília Meireles)

Cara Cecília, nem adianta você colocar o Fagner para cantar esses versos. Eles não significam nada para mim. Na verdade, servem de pretexto para você atacar caixas e mais caixas de framboesas. Aliás, na presença dessas frutas era como se o mundo todo deixasse de existir, inclusive eu.


E mais: como você bem sabe, eu sou fã do Caetano Veloso e todos têm conhecimento da rixa antiga entre o baiano e o cearense. Parece até que você fez isso por birra...

 “Como é produção?” Ah, recebo a informação de que sua família entrou com processo judicial contra o Fagner por que ele não pediu autorização. Bom, se é assim, a história muda...


Em todo o caso, fica o conselho. O amor é o campo da alma. Não cultive nele apenas um tipo de semente. O canteiro do meu coração é bem volátil e está mais sujeito às intempéries da vida do que você possa imaginar.


Ao contrário dos desenhos que são feitos nas escolas, o sol não tem boca e tampouco fica arreganhando os dentes para nós. Logo, para dar um sorriso, não é preciso que os seus raios lhe cumprimentem com simpatia e cordialidade. O fator determinante para que o ocaso seja melhor que a aurora é você mesma, ninguém mais pode tomar esta decisão.


Seus amigos estão certos: mesmo tendo nascido no início do século XX, você ainda é muito moça para ter tanta tristeza. Receie a morte, mas abomine a ideia de não ver a vida.


Cissa, confesso-lhe que este também sempre foi o meu medo. Por esse motivo, resolvi sair da sua vida. Fiz isso não porque lhe desprezava. Na verdade, queria estar no aconchego de outros braços, provar outros lábios, perder-me em outras curvas.


Depois de correr por tantos campos repletos de ervas daninhas, meu coração resolveu lançar suas sementes na terra fértil do seu amor. Esse tempo todo eu também estive correndo entre os canteiros para esconder minha tristeza.


Estou louco de saudade desses dedos longos fazendo cafuné, acariciando meu rosto – quase sempre com a barba por fazer – e tentando empurrar o meu corpo contra o seu. Chega de utilizá-los para inventar versos tristes...


Se você realmente me prefere às framboesas, estou disposto a dar uma segunda chance ao nosso amor. Você não precisa mais fechar os olhos de saudade ao pensar em mim.

Quando isso acontecer, quero estar bem próximo de ti. Quero ter muita coisa com você, inclusive a felicidade.





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